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terça-feira, 3 de novembro de 2009

04 de novembro de 2009: El lugar sín limites


El Lugar sín Limites

Considerando que este filme foi feito em 1978, quando ninguém - ninguém, especialmente no México - foi fazer filmes sobre homossexuais, este filme é notável pela forma como ele apresenta uma crítica da cultura machista. La Manuela, interpretada brilhantemente por Roberto Cobo, não quer ser um homem, porque não quer ser um "bruto, um animal". Pancho e seu cunhado, Octavio, representam tudo o que há de errado com os homens mexicanos.

Eles são obcecados com constantes demonstrações de "virilidade", aos olhos do mundo. Eles tratam as mulheres como objetos, eles são violentos, e gostam de controlar outras pessoas. Pancho é especialmente patético, porque obviamente se sente atraído por La Manuela, mas não pode admitir isso. Por outro lado, La Manuela é muito honesto e aberto sobre quem ela é, e o que ela quer. Ela não se importa se as pessoas zombam. Ela é gentil, solidário, e em momentos decisivos, corajoso. No caso você está pensando que isso é um macho-bashing filme, mas não é.

Don Alejo, o velho cacique (patrão) da cidade é um patriarca a moda antiga que tem suas falhas, mas ele não está ameaçado por homens como la Manuela. Ele não gosta de julgar as pessoas, mas reconhece a ilegalidade quando a vê. Ele sugere que há outras maneiras de ser um homem no México, e que pessoas como Pancho e Octavio são ameaças à sociedade. A relação entre la Manuela e sua filha, Japonesita, é doce e comovente, como os papéis de mãe e filha em um melodrama de 1940, mas com um toque moderno! Embora la Manuela às vezes cometa atos exagerados e paródias do comportamento feminino, é claramente apenas parte do espetáculo ou show. Quando não está no palco, ela é realista e prático, como qualquer uma das outras "meninas" que trabalham no bordel.

Este filme mostra o lado obscuro da vida em uma cidade pequena, mas, em última análise, sugere que as pessoas que vivem e trabalham no bordel são mais honestas e sinceras, do que aqueles, que pertencem ao chamado "respeitável" mundo exterior. Roberto Cobo é perfeito no papel, porque ele não é bonito ou tem um feminino olhar, mas sabe como seduzir com palavras e gestos. A dança "final do beijo" é hipnótica, e é fácil esquecer que ele, não é uma "mulher" real, quando dança para Pancho.

Todo o filme é um comentário sobre como a vida no México, que está mudando a vida da cidade pequena, e como esta também vai desaparecendo. É um grande filme, vale a pena ver. Um dos melhores filmes que saiu do cinema Méxicano na década de 1970, sem dúvida.

Direção: Arturo Ripstein Ano:1997
Gênero: Drama
Elenco: Lucha Villa, Ana Martín, Gonzalo Vega, Julián Pastor, Roberto Cobo, Hortensia Santoveña, Carmen Salinas, Julián Pastor

Este filme contará com a participação do mestrando em geografia, pela UFSC, Juan Otalora.

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