As sessões de 2014 serão sempre às quartas-feiras, no auditório do CSE

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

03 de dezembro de 2009: Sendero de sangre


Sendero de sangre

Em um país latino-americano que pode ser o Sendero Luminoso no Peru ou do Equador, nos anos 80, um policial chamado Agustin Rejas é atribuído a captura de Ezequiel, um perigoso terrorista, que quer colocar o governo em xeque. Sua investigação será alargada no tempo, enquanto conhece a bela professora de balé de sua filha, atravessa uma missão que devora a sua vida

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

19 de novembro de 2009: La boca del Lobo


La boca del Lobo

O diretor Francisco J. Lombardi fez de seu quinto longa um libelo contra a violência da luta subversiva e seus excessos. Mas também o primeiro filme a enfrentar o problema do terrorismo instalado no Peru, com as ações e perseguições ao grupo revolucionário maoísta Sendero Luminoso. Uma faca de dois gumes que envolve a serra e parte do país numa guerra surrealista e brutal, onde se anulam razões e objetivos.

O peruano anti-terrorista do Exército toma controle de um distante e pequeno vilarejo desconhecido isolado nos Andes pela milícia terrorista "Sendero Luminoso" (Sendero Luminoso), durante a guerra suja no Peru na década de 80.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Confira os filmes desta semana de novembro de 2009

CONFIRA ABAIXO OS FILMES DESTA SEMANA - QUARTA (04/11)  e QUINTA (05/11).

04 de novembro de 2009: El lugar sín limites


El Lugar sín Limites

Considerando que este filme foi feito em 1978, quando ninguém - ninguém, especialmente no México - foi fazer filmes sobre homossexuais, este filme é notável pela forma como ele apresenta uma crítica da cultura machista. La Manuela, interpretada brilhantemente por Roberto Cobo, não quer ser um homem, porque não quer ser um "bruto, um animal". Pancho e seu cunhado, Octavio, representam tudo o que há de errado com os homens mexicanos.

Eles são obcecados com constantes demonstrações de "virilidade", aos olhos do mundo. Eles tratam as mulheres como objetos, eles são violentos, e gostam de controlar outras pessoas. Pancho é especialmente patético, porque obviamente se sente atraído por La Manuela, mas não pode admitir isso. Por outro lado, La Manuela é muito honesto e aberto sobre quem ela é, e o que ela quer. Ela não se importa se as pessoas zombam. Ela é gentil, solidário, e em momentos decisivos, corajoso. No caso você está pensando que isso é um macho-bashing filme, mas não é.

Don Alejo, o velho cacique (patrão) da cidade é um patriarca a moda antiga que tem suas falhas, mas ele não está ameaçado por homens como la Manuela. Ele não gosta de julgar as pessoas, mas reconhece a ilegalidade quando a vê. Ele sugere que há outras maneiras de ser um homem no México, e que pessoas como Pancho e Octavio são ameaças à sociedade. A relação entre la Manuela e sua filha, Japonesita, é doce e comovente, como os papéis de mãe e filha em um melodrama de 1940, mas com um toque moderno! Embora la Manuela às vezes cometa atos exagerados e paródias do comportamento feminino, é claramente apenas parte do espetáculo ou show. Quando não está no palco, ela é realista e prático, como qualquer uma das outras "meninas" que trabalham no bordel.

Este filme mostra o lado obscuro da vida em uma cidade pequena, mas, em última análise, sugere que as pessoas que vivem e trabalham no bordel são mais honestas e sinceras, do que aqueles, que pertencem ao chamado "respeitável" mundo exterior. Roberto Cobo é perfeito no papel, porque ele não é bonito ou tem um feminino olhar, mas sabe como seduzir com palavras e gestos. A dança "final do beijo" é hipnótica, e é fácil esquecer que ele, não é uma "mulher" real, quando dança para Pancho.

Todo o filme é um comentário sobre como a vida no México, que está mudando a vida da cidade pequena, e como esta também vai desaparecendo. É um grande filme, vale a pena ver. Um dos melhores filmes que saiu do cinema Méxicano na década de 1970, sem dúvida.

Direção: Arturo Ripstein Ano:1997
Gênero: Drama
Elenco: Lucha Villa, Ana Martín, Gonzalo Vega, Julián Pastor, Roberto Cobo, Hortensia Santoveña, Carmen Salinas, Julián Pastor

Este filme contará com a participação do mestrando em geografia, pela UFSC, Juan Otalora.

05 de novembro de 2009: Morango e Chocolate


Morango e chocolate
(1993, Tomás Gutierrez Alea)

Há décadas, Cuba desperta o interesse do mundo, seja entre simpatizantes ou não. A verdade é que Cuba ainda impressiona por ser não apenas o único país latino-americano comunista, mas, principalmente, por ter engendrado uma revolução socialista, às "barbas" da maior potência capitalista mundial de então, os Estados Unidos. Porém, por mais curiosos que sejamos em relação à Cuba, conhecemos muito superficialmente sua realidade, salvo os especialistas e algumas raras exceções.

Assim, o filme Morango e chocolate (1993)* , dirigido por Tomás Gutierrez Alea (recentemente falecido e considerado um dos maiores cineastas cubanos) e Juan Carlos Tabio, pode com certeza trazer à tona discussões e reflexões acerca da complexidade histórica da realidade cubana.


Um filme cubano, baseado no conto "El bosque, el lobo y el hombre nuevo", do roteirista Senal Paz, nos remete à Havana de 1979, apresentando uma Cuba repleta de contradições em sua realidade econômica, política, social e cultural. Não foi por acaso que Morango e chocolate ganhou, em 1993, o prêmio de melhor filme do Festival de Havana, o de melhor filme no Festival de Gramado no ano seguinte, além de premiações em Berlim. Foi o primeiro filme a cruzar os limites de Cuba e entrar no grande circuito comercial e, ao contrário do que se possa pensar, não se trata de uma obra que tem como seu objetivo principal discutir a política cubana, mas sim mostrar Cuba como um todo: sua cultura e seu povo em sua plenitude.

A Havana de 1979 não é tão diferente da de hoje. Com certeza, atualmente, a situação cubana agravou-se, não apenas em conseqüência da queda do comunismo na URSS, em 1989, mas, principalmente, da perda acelerada dos recursos que provinham deste país.


A história narra o encontro de dois personagens antagônicos: David (Vladimir Cruz), estudante universitário que acredita na essência da Revolução Cubana e nas suas grandes realizações, e Diego (Jorge Perugorria, numa belíssima interpretação), um artista dissidente que luta contra o preconceito a que são submetidos os homossexuais em Cuba e exige o direito da liberdade de expressão num governo autoritário. A discussão que se trava entre Diego e David revela os dois lados de uma mesma moeda, os dois lados da Revolução Cubana. Revolução esta que, inicialmente, possuía um caráter nacionalista e que, depois, tomou a forma de uma revolução socialista aos moldes da Revolução Russa. Revolução que solucionou problemas como o analfabetismo, a prostituição, a desigualdade social, a saúde, a educação, enfim, problemas que, ainda hoje, não foram erradicados nos países do chamado "Terceiro Mundo".

David, filho de camponês que teve acesso à universidade pública, vê nessas conquistas o verdadeiro sentido da Revolução, enquanto Diego, um homossexual que sofre discriminação em seu país, contesta, a todo momento, a visão unilateral da Revolução que David possui. Aos poucos, uma lição de vida vai se desnudando em frente aos nossos olhos. O conflito pessoal que se estabelece entre os personagens nos oferece discussões elementares acerca do regime e das condições de liberdade do povo cubano, tratando também, de forma bastante sutil, de assuntos como patriotismo, segurança nacional, soberania, liberdade de expressão e realizando, principalmente, uma análise bem conseqüente da ditadura de Fidel Castro.

Historicamente, o filme é bastante fiel às dificuldades da vida do cubano, à religiosidade (mostrando as fortes influências africanas, em oposição ao ateísmo instituído pelo materialismo histórico e seguido à risca pelo regime) e às desigualdades sociais que começam a aparecer. Um tema bem enfocado pelo filme é o da discriminação sofrida pelos homossexuais cubanos que, nas décadas de 1960 e 1970, eram enviados aos chamados "campos de reeducação" com o objetivo de serem "regenerados" para o "benefício" da sociedade cubana.

A relação conflituosa dos dois personagens, que permeia todo o enredo do filme, vai, aos poucos, com maestria, guiando o espectador para o interior de Cuba: uma Cuba alegre, espirituosa, religiosa, política, humana, mas repleta de contradições. Gutierrez consegue, com bastante sutileza, nos apresentar uma Cuba muito especial, com um passado revolucionário glorioso e que tenta, mesmo ilhada econômica e militarmente, manter suas conquistas e sua soberania.


Morango e chocolate vem lembrar, segundo seu diretor, que, "acima das questões políticas suscitadas pelo governo de Fidel Castro, há um país chamado Cuba e uma forte cultura nacional".

O filme contará com a participação do graduando em Direito pela UFSC, Ricardo Felix.